quarta-feira, julho 02, 2008

A poesia é um sonho em letras que não são nossas.

A música é um sonho em que nos esforçamos sempre por roubar as letras.



The Bird and The Bee - I'm a Broken Heart


quinta-feira, junho 26, 2008



Por vezes é como andar no nevoeiro.
Coração apertado na cegueira do futuro passo.
Coração apertado. Pavor de o quebrar na esquina que se segue.
Depois vem uma mão. Um espírito que nos alcança e nos puxa para essa esquina e
nos ajuda a sair do nevoeiro que não era mais que sombras.
Sombras de passado que invadem sem convite uma busca pelo futuro.
Passos…passos com essa mão que nos afasta do passado, ainda que tenhamos
medo, de com ela, dizer futuro.
O nevoeiro sai depois de nós, por nós, nada sai claro, pelos olhos saem sombras,
pela voz, temores. Nevoeiro. Nevoeiro que não é mais que a prisão ao medo
passado e a aflição de confessar o futuro.

domingo, março 09, 2008



"Só o desejo inquieto, que não passa,
Faz o encanto da coisa desejada.
E terminamos desdenhando a caça
Pela doida aventura da caçada."

Mario Quintana

domingo, novembro 25, 2007



Fico a me repetir, que se voltares
te olharei nos olhos sem tremer
e te direi, vingando a minha mágoa:
- já não te quero mais.
Mantenho assim de pé o orgulho
a esta espera....
.........................
Ah, se tu voltasses!
(Só de pensar, sinto uma angústia, um nó
a me apertar o peito...)
- seria até capaz de ter um infarto
com este coração já tão batido
e que morre por ti, de qualquer jeito.


J.G. de Araujo Jorge



mesmo o mais cinzento dos domingos
diz-se azul quando amanhece
ainda que em meio a terremotos,
maremotos, tempestades.
mesmo o amor mais corrosivo sabe
a mel quando engatinha
ainda que respingue sangue e fel
a cada passo.
mais importa o prometido que o
que encerra
à luz dos dias, a crua e cínica
e vã realidade.
sendo assim, seguem sempre azuis
e doces os amores e os domingos

: a propaganda é a alma do negócio,
bem se sabe.

Márcia Maia

sábado, novembro 10, 2007



Que pena eu ter meu caminho
como um rio que corre sem misturar-se
como uma nuvem que passa sozinha
como uma estrada que segue sem bifurcar-se.

Que pena eu ser assim: sem afluentes.
Sem parcerias. Sem dono. Sem encruzilhada.
E ter a cara inteira, não metade. Que pena eu
ser total, não ter um trevo; uma esquina
Uma paralela, uma brecha.
Um espaço em mim, que pena eu ser assim: com divisas.
que pena eu ser assim: um sem outro.
Como um único sol e uma só lua.
E não como as meias: aos pares.


Gloria Horta

segunda-feira, novembro 05, 2007

cedo ou tarde



Devias saber
que é sempre tarde
que se nasce, que é
sempre cedo
que se morre. E devias
saber também
que a nenhuma árvore
é lícito escolher
o ramo onde as aves
fazem ninho e as flores
procriam.


Albano Martins
Escrito a vermelho